警訊113期 Revista da P.S.P. 113

57 como estressante, uma nova avaliação considerará uma série de estratégias para lidar com ela ( Coping strategies ), bem como as consequências possíveis. Deste modo, as emoções e os comportamentos estão associados ao resultado das duas avaliações supracitadas. O enquadramento cognitivo que orienta o processo completo de avaliação está profundamente solidificado na pessoa porque é o resultado do seu processo de crescimento, do seu contexto familiar, da sua educação, dos seus valores, das suas experiências sociais, da sua personalidade e da sua aprendizagem acumulada ao longo dos anos. A teoria da cognição e da avaliação abarca a ideia de que mudar a influência negativa do stress não tem necessariamente de alterar a situação estressante em si, pois a transformação do pensamento também é eficaz. A teoria da cognição e da avaliação é igualmente útil no contexto profissional, pois o conhecimento do trabalhador sobre as suas funções (como a clareza das funções, o equilíbrio do volume de trabalho) pode determinar o grau de stress, e por conseguinte, desencadear diferentes reacções físicas e psicológicas ou comportamentos (Kahn & Quinn, 1970). Foi descoberta numa pesquisa a 196 agentes policiais portugueses que os factores como casamento, pouco exercício físico, trabalho no exterior (por exemplo patrulha), horas de trabalho prolongadas, categoria profissional inferior estão associados ao stress no trabalho, à depressão e ao esgotamento (Esteves & Gomes, 2013). Importa sublinhar que os resultados da cognição e da avaliação são decisivos relativamente à intensidade da referida relação; quando certos agentes policiais avaliam o seu trabalho como sendo de elevado risco, pouco desafiante e acham que não possuem recursos suficientes para lidar com o trabalho, reportam sofrer maior stress e problemas emocionais comparativamente com seus pares. Por outras palavras, mesmo que a área profissional de uma pessoa seja estressante, o grau de stress sentido pela pessoa depende da forma como ela avalia o seu trabalho, pesam mais as opiniões subjectivas que os factores ambientais objectivos. Para além da avaliação preliminar, a avaliação feita pela pessoa relativamente aos recursos que possui e às estratégias escolhidas para lidar com determinada situação durante o processo da nova avaliação influencia grandemente a intensidade do seu stress. A confrontação com o stress ( Coping ) faz parte de um processo de adaptação, constitui um método escolhido pela pessoa para enfrentar o stress provocado pelos factores externos, diferentes escolhas implicam resultados variados a nível físico, psicológico e comportamental (Lazarus, 1993). Controlo, fuga, gestão em termos físicos e psicológicos são as estratégias comuns no contexto profissional. Os estudos revelam que ao nos depararmos com objectivos profissionais ambíguos ou contraditórios, se escolhermos o método de controlo por iniciativa própria causa menos ansiedade e mais satisfação no trabalho do que se escolhermos o método de fuga (Latack, 1986). Como se pode constatar, não há uma ligação directa entre o stress no trabalho e a intensidade do stress sentida pela pessoa, pelo contrário existe uma ligação com a cognição/avaliação e as formas de lidar com o stress, de seguida apresentaremos as formas eficientes de gestão nesses dois aspectos. A prática da atenção plena ( Mindfulness practice ) é uma das formas comprovadas e eficazes de gestão do stress actuais. A atenção plena refere- se ao direccionamento da atenção às experiências internas ou externas, sem o acréscimo do julgamento ( Non-judgmental ) e com uma atitude de total aceitação ( Acceptance ) relativamente à vivência e essas experiências (Kabat-Zinn, 1994). O conceito da atenção plena provém do Budismo Theravada e do yoga samadhi da Índia; em 1979, o Dr. Kabat-Zinn, criou o Centro de Gestão do Stress na Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts e introduziu a atenção plena no curso de gestão do stress (MBSR) como uma forma de terapia psicológica. Na concepção do curso, Kabat-Zinn retirou propositadamente o elemento budista incluído no conceito de atenção plena, contudo, devido à sua origem religiosa, a fase inicial da terapia MBSR não foi amplamente valorizada noutras instituições superiores como o foi na Universidade de Massachusetts. Actualmente, há mais de 240 hospitais e clínicas nos E.U.A. e noutros países ocidentais que fornecem a terapia MBSR (Salmon, Santorelli, & Kabat-Zinn, 1998). A razão principal da mudança de perspectiva consiste na confirmação de muitos estudos científicos e dos resultados clínicos sobre a eficiência da atenção plena, sobretudo as conclusões das investigações no âmbito da neurologia. A técnica da neurografia por ressonância magnética revela que

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