警訊113期 Revista da P.S.P. 113

56 por doença (Carlini et al., 2016), pelo que prejudica gravemente os trabalhadores e as empresas. Embora diferentes escalas e métodos de estudo originem resultados variados, um relatório geral da UE revela que 15% a 25% das pessoas sofreram esgotamento médio (Eurofound, 2018). Estes dados revelam que o esgotamento é comum entre a população activa, todos nós durante a nossa carreira profissional somos capazes de sentir diferentes níveis de esgotamento. Deste modo, é deveras importante conhecermos a causa do stress no trabalho e as formas de encará- lo. Nos anos 70, os investigadores apresentaram um estudo académico no qual constava a relação entre as características do trabalho, o stress e as doenças fisiológicas (Cooper & Marshall, 1976). As características do trabalho abrangem o ambiente do trabalho, as exigências do trabalho, as funções que a pessoa desempenha e as relações laborais; um ambiente de trabalho aborrecido, imutável e repetitivo provoca stress. Quanto às exigências do trabalho, é uma espada de dois gumes: quando as exigências são baixas, há a monotonia que causa stress; pelo contrário, quando as exigências são demasiado altas, seja a nível quantitativo ou qualitativo, provoca ansiedade e consequentemente stress, e o stress provocado pelas exigências ao nível da qualidade nas profissões especializadas é mais patente. Por outro lado, quando as funções de trabalho são ambíguas ou conflituosas podem ser uma fonte de stress. A indefinição das funções de trabalho provém da ausência de objectivos claros e de instruções superiores obscuras, não tendo os trabalhadores orientação e directrizes; e os conflitos relativos às funções de trabalho derivam da contradição entre o conteúdo do trabalho e a auto- valorização. As relações laborais envolvem a relação com os superiores e os colegas, o partidarismo, a parcialidade dos superiores, a competitividade perversa, sendo geralmente a política da empresa uma das origens do stress reportada pelos trabalhadores. A teoria de Karasek reflectiu a relação complexa entre o volume do trabalho e a dimensão da liberdade nas decisões (Karasek, 1979). Os dados revelam que o elevado volume de trabalho acompanhado de reduzida liberdade nas decisões provocam stress e insatisfação pelo trabalho, mas não acontece numa situação de grande volume de trabalho acompanhada de elevada liberdade nas decisões. Isso explica por que razão os trabalhadores de categoria inferior sofrem de um stress redobrado quando o seu volume de trabalho é igual ao dos trabalhadores de categoria superior, os trabalhadores se tiverem uma maior liberdade e participação na gestão, na definição de estratégias e na execução das medidas é uma forma de combate ao stress. O local de trabalho, o horário e o bem-estar físico e psicológico têm uma relação curiosa, 19 estudos (Sparks, Cooper, Fried, & Shirom, 2013) afirmam que há uma relação entre o horário de trabalho e a ansiedade, a insónia, a depressão, as dores de cabeça, a fadiga, as doenças cardiovasculares, os acidentes de trabalho, as relações inter-pessoais difíceis, entre outros indicadores de saúde, e a intensidade destes indicadores aumenta à medida que as horas de trabalho se prolongam. Deste modo, é necessário ponderar sobre o stress provocado pelas horas prolongadas de trabalho. Este ensaio apresentou as fontes possíveis do stress e as consequências, devemos ter atenção que o nível da influência do stress no trabalho diverge de pessoa para pessoa, então quais são os factores decisivos no grau do stress? Há algumas características que são capazes de moderar a influência do stress ( moderator ) como a personalidade, o nível de respeito por si próprio, a personalidade do tipo A, a forma como a pessoa lida com o stress, etc. (Cohen & Edwards, 1989; Cohen & Wills, 1985; Kessler, Price, & Wortman, 1985), sendo o conhecimento e a avaliação de uma situação estressante decisivos para a pessoa determinar o seu grau de stress. A teoria de Lazarus sobre a cognição e a avaliação (Lazarus, 1966) considera que as situações estressantes e as emoções são inseparáveis, a pessoa recebe os estímulos externos e avalia cognitivamente, posteriormente diferentes emoções e comportamentos acontecem. O processo de avaliação é faseado, pode dividir-se em 1) Avaliação preliminar e 2) Nova avaliação. A avaliação preliminar consiste em determinar a situação externa, afinal do que se trata? Há ameaça? Quando uma situação é determinada

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