警訊105期 Revista da P.S.P. 105

58 2. Quando os pacientes de fobia social interagem com os outros, os pensamentos negativos enraizados e infundamentados surgem naturalmente sem que se apercebam. Os pensamentos mais comuns associam- se à “leitura do pensamento” e “dramatização”, tais como: “De certeza que ele não gosta de mim”, “O meu discurso foi um desastre, todos devem pensar que sou estúpido”; ao registar no diário ou elaborar uma lista sobre as diferentes interacções sociais e os pensamentos automáticos que surgem pode ajudar o paciente. 3. Os que padecem de fobia social também podem ser perfeccionistas, querem revelar uma imagem sua o mais perfeito possível perante os outros, de tal modo que acabam por mostrar desconforto, feições tensas e medo desproporcionado por pequenas falhas possíveis que os outros nem dariam conta. Estas reacções dos pacientes testemunham a sua necessidade de controlo, criando pensamentos sem fundamento como “Tudo tem de estar sob o meu controlo” ou “As coisas têm de acontecer como o planeado”, etc. 4. Estes pacientes geralmente têm uma baixa auto- estima, no momento da interacção com os outros, entre os seus pensamentos automáticos emergem ideias fixas como “Não tenho capacidades” ou “Não mereço ser amado”, etc. Estas convicções germinam cedo na camada mais baixa da cognição e influenciam lentamente as emoções, comportamentos e reacções. Este tipo de convicções está relacionado com o ambiente familiar e a experiência de crescimento da pessoa, o paciente talvez tenha sido vítima de uma educação autoritária, vivido num meio desprovido de estímulos positivos ou sofrido bullying, etc. Quanto ao tratamento, pode ser através do reforço no auto- conhecimento, pois é essencial que conheçam as suas diferentes competências e elevem a consciência do seu próprio valor. Comportamento 1. Na tentativa de dominar a ansiedade intensa que surge nas interacções sociais, os pacientes que sofrem de fobia social frequentemente manifestam um comportamento seguro (safety behavior), que compreende o comportamento anti-social, a dispersão da atenção (por exemplo evitar contacto visual), etc. Uma parte do tratamento inclui a exposição ao medo, isto é, num ambiente seguro os pacientes imaginam estar numa situação social a lidarem directamente com o medo. 2. Se expuser simplesmente os pacientes numa interacção social, geralmente não é eficaz, pois a exposição tem de ser sistemática e paulatina. A teoria da exposição gradual (graded exposure) corresponde a este princípio: primeiro o terapeuta dialoga com o paciente para descobrir a fonte da ansiedade, classifica as situações sociais por níveis de acordo com a intensidade do medo (por exemplo de 1 a 10), em cada nível o paciente relata o seu sentimento de medo (através por exemplo da imaginação ou visualização de imagens), conjugando com a prática de relaxamento dos músculos e exercícios respiratórios para atenuar a tensão, e o paciente ao atingir o estado de descontracção total num determinado nível, desafia o próximo nível e assim por diante. 3. Alguns pacientes que sofrem de fobia social desconhecem a técnica de socialização (como não saber iniciar uma conversa, manter o contacto visual, etc.), através do desempenho de papéis, o paciente consegue observar o seu comportamento quando interage com os outros de forma objectiva, e depois fará exercícios práticos específicos para elevar a sua arte de socialização. Há ainda pacientes que não sabem comunicar ou expressar os seus pensamentos; através da prática é possível criar pontes afectivas, como a prática da afirmação (assertive training), pois é uma técnica indispensável para a interacção social do paciente, na qual as suas ideias são expressas de forma educada e firme. Além disso, o paciente pode participar em grupos de tratamento onde conhece e contacta outras pessoas que sofrem de fobia social para se sentir mais seguro, e através dessas sessões pode pôr em prática as técnicas de socialização. Estas são as informações básicas de tratamento de fobia social, sob o ponto de vista da cognição, as convicções infundamentadas e as atitudes inapropriadas

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