警訊107期 Revista da P.S.P. 107
46 Este ano uma das tempestades tropicais mais violentas dos últimos cinquenta anos assolou Macau, tendo provocado mortes, perdas, danos graves e incomensuráveis. Com a passagem do tufão Hato, toda a cidade ficou desprovida de electricidade, água, linhas telefónicas, internet; muitos residentes munidos de baldes e garrafas nas mãos formaram filas nas ruas para encherem os seus depósitos de água, por dias consecutivos os trabalhadores das forças de segurança da linha da frente e os da retaguarda dedicaram-se ininterruptamente aos trabalhos de socorro e de limpeza para que a normalidade e a prosperidade regressasse a Macau o mais rapidamente possível; por trás dessa imagem próspera, está estampado o espírito de sacrifício dos trabalhadores das forças de segurança, pois não só enfrentaram o ambiente devastador depois da passagem do tufão, como também estiveram sujeitos à pressão elevada que a natureza do trabalho implicava e à exaustão provocada pela prestação de socorros, secundarizando até o devido apoio às suas próprias famílias. Assim, para além do esforço físico despendido, o seu estado psicológico também foi grandemente afectado, por isso neste período é provável que surjam mudanças temperamentais ou disfunções físicas e psicológicas. As pessoas que experienciaram desastres naturais têm 25% a 50% de probabilidade de lhes virem a ser diagnosticados problemas psicológicos, sobretudo ASD (reacção aguda ao estresse) e PTSD (transtorno de estresse pós- traumático) – a diferença entre ambos reside no aparecimento dos sintomas e a duração, a ASD surge entre dois a trinta dias, enquanto que o PTSD surge após um mês. Verificou-se durante a terapia que as duas doenças supracitadas surgem com frequência depois da ocorrência de desastres naturais ou traumas, muitos pacientes consideravam que somente quem vivenciou traumas na primeira pessoa padece dessas doenças psicológicas, mas segundo os resultados das observações clínicas, não é necessário passar por situações traumáticas para haver a probabilidade de sofrer das doenças supramencionadas, basta a possibilidade do paciente vivenciar uma experiência traumática, sentir que ele próprio ou os seus familiares estão sob perigo de morte ou ferimentos graves, ter assistido a cenários de morte ou lesões graves, até o mero conhecimento de mortes violentas, inesperadas ou do sofrimento de lesões dolorosas. Não é de estranhar que a profissão das forças de segurança seja uma das cinco profissões mais estressantes do mundo, pois os agentes ao participarem nos trabalhos de socorro inevitavelmente sofrem alterações no seu estado emocional, sendo o estado psicológico do pessoal que lida com as vítimas mortais o mais afectado, daí a possibilidade do padecimento das doenças supracitadas, cujos sintomas podem ser divididos em três categorias: Geralmente o tratamento das doenças supracitadas centra-se em dois tipos, a medicação e a psicoterapia, na maior parte dos casos utilizam-se ambos os tratamentos, e quanto mais cedo se detectar o problema, melhor serão os resultados terapêuticos. Se o tratamento não for persistente, a dor emocional tornar-se-á crónica, a dor que pairava na superfície transformar-se-á numa dor profunda, impossível de alcançar. A. Alerta excessivo B. Evasão, indiferença C. Persistência das experiências dolorosas ● Insónia ou dificuldade em obter um sono profundo; ● Irritabilidade; ● Dificuldades de concentração; ● Sentido de alerta excessivo; ● Facilidade em se sentir apreensivo; ● Evita os pensamentos, sentimentos ou conversas relacionados com o trauma; ● Evita as actividades, locais ou pessoas que possam reavivar as suas memórias traumáticas; ● Esquece-se das partes essenciais do trauma; ● Diminui o interesse em participar em actividades importantes; ● Distancia-se de outras pessoas; ● Partilha pouco as emoções; ● Pessimismo em relação ao futuro; ● Angústia provocada pelo reavivamento das memórias dolorosas que incluem imagens, pensamentos ou percepções; ● Manifestação incessante da experiência traumática nos sonhos; ● Sensação de que o trauma voltará a acontecer; ● Sentimento de desespero quando está inserido num ambiente semelhante ao trauma; ● Reacções fisiológicas quando está inserido num ambiente semelhante ao trauma.
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